Angela Davis e a luta pela liberdade: lições para o Brasil de hoje

Angela Davis é uma das intelectuais e ativistas mais influentes do nosso tempo. Filósofa, feminista, militante antirracista e ex-integrante do Partido dos Panteras Negras, Davis dedicou sua vida a lutar contra o racismo, o sexismo e o encarceramento em massa. Suas ideias ecoam não apenas nos Estados Unidos, mas em todo o mundo — e têm muito a dizer ao Brasil de hoje, país marcado pela desigualdade social, pela violência policial e pela persistência do racismo estrutural.

Quem é Angela Davis?

Nascida em 1944, Angela Davis ganhou projeção internacional nos anos 1970, quando foi perseguida pelo FBI e chegou a ser presa, acusada injustamente de participar de uma conspiração armada. Desde então, ela se tornou um símbolo global da resistência.

Seu trabalho intelectual e político combina marxismo, feminismo negro e críticas profundas ao sistema prisional. Para Davis, não há como falar de liberdade sem enfrentar o racismo e o capitalismo que sustentam a opressão.

O feminismo negro como chave de libertação

Uma das maiores contribuições de Angela Davis é o desenvolvimento do feminismo negro interseccional, que mostra como as opressões de raça, classe e gênero se entrelaçam. Para ela, não basta lutar apenas contra o racismo ou apenas contra o sexismo: é preciso enxergar como as estruturas de poder atuam de forma conjunta.

No Brasil, essa reflexão é fundamental. Mulheres negras estão entre as maiores vítimas da violência, da precarização do trabalho e da marginalização política. O pensamento de Davis ecoa nas obras de Lélia Gonzalez e Sueli Carneiro, intelectuais brasileiras que também denunciaram as múltiplas camadas de opressão que recaem sobre corpos negros femininos.

O sistema prisional e a crítica à necropolítica

Angela Davis ficou mundialmente conhecida por sua crítica ao sistema carcerário. Para ela, as prisões não são espaços de justiça, mas mecanismos de controle racial e social. Sua proposta de abolicionismo penal questiona a ideia de que mais punição gera mais segurança.

No Brasil, essa reflexão é urgente. Somos um dos países que mais encarceram no mundo, e a população prisional é majoritariamente negra e pobre. A lógica da necropolítica — conceito de Achille Mbembe que explica como o Estado decide quais vidas são descartáveis — aparece claramente na realidade brasileira, seja nas prisões, seja nas periferias.

Lições para o Brasil de hoje

A luta de Angela Davis nos oferece pelo menos três lições fundamentais:

  1. A luta contra o racismo deve ser estrutural: não basta criminalizar atos individuais de preconceito; é preciso transformar as instituições que perpetuam a desigualdade.
  2. O feminismo precisa ser interseccional: sem ouvir as vozes das mulheres negras, o movimento corre o risco de reproduzir exclusões.
  3. Segurança não é encarceramento: precisamos questionar o modelo punitivista que alimenta a violência em vez de combatê-la.

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