Vivemos em um tempo em que o mercado não apenas organiza a economia, mas também estrutura nossa forma de desejar. As lógicas do consumo, da competição e da performance atravessam até os espaços mais íntimos: o amor, o corpo, o prazer, o trabalho. A psicanálise, com sua atenção ao inconsciente, pode nos ajudar a compreender como o neoliberalismo não apenas governa políticas públicas — ele governa nossas subjetividades.
O neoliberalismo como forma de subjetivação
Mais do que um sistema econômico, o neoliberalismo é, como dizia Michel Foucault, uma forma de governo da alma. Ele produz sujeitos que se veem como empresas de si mesmos: autônomos, responsáveis pelo próprio sucesso ou fracasso, sempre em busca de desempenho e reconhecimento.
Essa lógica penetra o campo psíquico: internalizamos a ideia de que precisamos estar sempre melhorando, otimizando, produzindo. O “eu” se torna uma marca a ser vendida.
O sujeito neoliberal e o supereu do desempenho
A psicanálise nos ensina que o sujeito é atravessado pelo supereu, essa instância psíquica que ordena: “Deves!”. No neoliberalismo, o supereu assume uma nova forma: “Deves ser produtivo!”, “Deves estar feliz!”, “Deves ter sucesso!”.
Essa cobrança constante gera culpa e angústia. O prazer é substituído pela obrigação de performar bem — inclusive na vida afetiva e sexual. O que parece liberdade (“posso ser o que quiser”) torna-se tirania (“preciso ser o melhor em tudo”).
O mal-estar contemporâneo
Freud, em O Mal-Estar na Civilização, já dizia que a cultura exige renúncias pulsionais para manter a vida em sociedade. O neoliberalismo atualizou esse mal-estar: não nos proíbe o prazer, mas exige que o produzamos o tempo todo.
Vivemos exaustos não por falta de liberdade, mas por excesso de exigência. A promessa de felicidade permanente gera ansiedade, burnout e solidão — sintomas de uma economia que colonizou o inconsciente.
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